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SEGUNDA-FEIRA, 15 DE AGOSTO DE 2011

Autonomia das Mulheres




O desejável para todos os membros da sociedade é que o leque de opções de vida apresentado a cada pessoa se amplie; que cada um, independentemente de seu sexo, possa escolher as maneiras de se inserir na sociedade e no ambiente familiar.



Dessa forma, com a ruptura das tradicionais convenções de Gênero, homens e mulheres teriam, igualmente, liberdade de escolha e estariam em condições igualitárias tanto no mercado de trabalho quanto no ambiente doméstico, compartilhando os trabalhos...



  1. 1. Autonomia, caminho de quem realiza e se reconhece no mundo.


    A discussão sobre autonomia na história recente do Brasil, data das lutas dos movimentos sociais e sindicais como marcos pelo “fim da exploração”, ao tempo que se buscava novas referências, a partir da legitimidade de lutas por direitos, na pluralidade de vozes de diversos sujeitos sociais, que reclamavam reconhecimento, e que são conscientes da força de leis que oprimiam as suas demandas e impediam o exercício de cidadania. As mulheres, inequivocamente, se constituíram em protagonistas de todas essas lutas.

    Secularmente, as lutas das mulheres expressam o que mais recentemente convencionou-se chamar pessoa de referência, aquela que realiza a sua condição de sujeito político autônomo, no sentido etimológico do termo, auto nomos, ou seja, senhora da própria lei, que se responsabiliza, que dispõe de mecanismos de auto regulação, que constrói seu sistema ético, que entende seu lugar de construtora de mundo e não apenas a condição de alguém que deve ser suporte, lembrando os ensinamentos de grande educador Paulo Freire. Segundo suas palavras: Homens e mulheres são realização de mundo, intervem, criam e  transformam a natureza, ao tempo que se recriam e se transformam. Suportes são as árvores, as pedras e as montanhas [1].    

    Esse contexto da importância da mulher nos desígnios do Brasil se revela nos estudos e dados, que apontam para o aumento de proporção de unidades familiares chefiadas por mulheres no Brasil no período 2001-2009.


    [1] Paulo Freire in A Sombra desta Mangueira. Ed Olho D’Água. São Paulo. 1997.



    Segundo dados da PNADo percentual nesse intervalo de tempo subiu de aproximadamente 27% para 35%, o que, em termos absolutos representa 21.933.180 famílias que identificaram como principal responsável uma mulher em 2009 [2].

    As análises e estudos do IPEA, de que o potencial de autonomia que as mulheres têm assumido nas relações familiares e na esfera pública (,..) não está necessariamente relacionado a condições femininas favoráveis, podem ser tomados como referências privilegiadas para a construção de políticas públicas que alterem uma história de precariedade, (as)sujeitamento, vulnerabilidade impostas às mulheres em nosso País.

    O caráter político da presença da mulher nos programas, projetos e ações coloca a mulher no centro das decisões nos rumos do País, e de modelo de desenvolvimento, que culmine na sua participação no processo de consolidação de democracia social, de um Estado que se ergue no exercício do controle social sobre as ações, programas e projetos governamentais.

    Os meios para isso, certamente, constam de muitos dos programas e propostas de ações de políticas públicas, que necessitam da participação direta das mulheres nas suas concepções, execuções e resultados. O desenvolvimento propugnado no país da inclusão social, produtiva e de reformas políticas tem nas mulheres um universo de possibilidades, para não deixar nenhuma brasileira e nenhum brasileiro fora de um País Rico e Sem Miséria, como proposto por uma mulher, que o país reconheceu como arquiteta dessa nova construção de Brasil.

    A demanda por autonomia da mulher não significa que essa mulher passe a existir apenas em contextos de novas experiências materiais. Se assim fosse, estaríamos negando todas as vivências e realizações humanas, também protagonizadas historicamente pelas mulheres. Mas, a autonomia reclamada, ou anunciada contemporaneamente, é concebida como vivências nos âmbitos individual e coletivo, no sentido de autodeterminação e de auto realização, quando o agir propicia uma experiência de constituição de sujeito, mais livre e responsável pelo seu corpo e desejos.  




    [2] Comunicado do IPEA Nº 65. PNAD 2009 - Primeiras análises: Investigando a chefia feminina de família. 11 de novembro de 2010, p. 04.



    2. Qual o diálogo entre Autonomia e  Empoderamento?

    A comprovação de que nos novos arranjos familiares as mulheres aparecem como a nova “cabeça do casal”, altera o lugar simbólico da mulher. Mais uma vez as reflexões do IPEA contribuem expressivamente para a uma nova configuração social:

    O fato de uma mulher ser identificada como principal responsável num contexto em que é a única pessoa adulta da unidade familiar ou a única pessoa adulta não-idosa, por exemplo, dificilmente pode ser lido como sinal de transformação das convenções sociais ou de empoderamento feminino. Já o fato de uma mulher ser reconhecida como responsável pela família na presença de um cônjuge do sexo masculino pode ser considerado novo na sociedade brasileira. Nesse caso, o tradicional arranjo casal com filhos com um homem como “cabeça do casal” passa a ser substituído por situações em que a mulher é tida como a pessoa de referência na casa.

    Tal constatação exige mudanças que façam justiça ao reposicionamento da mulher nas dimensões econômica, politica e simbólica, de maneira que se firmem novos valores e de direitos das mulheres. Neste sentido, vale a lembrança, de que o trabalho de reprodução social, das atividades domésticas, tradicionalmente sob a responsabilidade das mulheres, se constitua em realização material desse trabalho.  

    As informações e os novos estudos ainda não mudaram comportamentos, juízos e vivências que impactam sobre a inserção social da mulher, especialmente com as profundas desigualdades ainda existentes entre as condições da vida no campo e na cidade e das desigualdades de classes, além dos preconceitos étnicos/raciais, que tanto contribuem para os grandes fossos sociais ainda presentes no País. 

    A consolidação de um Estado Social Democrático de Direito não poderá insistir no cultivo de uma cultura de herança patriarcal, conservadora, que não reconheça a autonomia da mulher como sujeito histórico, imbuída de demandas e de voz política capaz de expressar seus desejos, sonhos e de quem sabe realizá-los. 


    Salvador, 15 de agosto de 2011


    Petilda Serva Vazquez


    Coord. de Ações Temáticas da SPM,BA


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    OBS: Esse artigo foi premiado 1º lugar em Concurso Público de Coordenação de Política Para Mulheres do Estado de Sergipe.
    XIII SIMPÓSIO DO NEIM/UFBA - 2007

    Mulher e trabalho: um sujeito da experiência de realização
    Petilda Serva Vazquez


                Dignidade, profissionalismo, caráter e conhecimento da população em relação ao meu trabalho, ao que tenho muito prazer do que exerço.

    Tenho medo de perder o juízo!  

     (Depoimentos de trabalhadoras do Setor de calçados da Bahia, 2006)

    (Adão )- Esta nova criatura de cabelos longos vive me atrapalhando. Está sempre ao meu redor e me segue por todos os lados. Não gosto disto.; não estou acostumado a ter companhia. Gostaria que ficasse com os outros animais... Hoje está nublado, o vento sopra do leste; acho que nós teremos chuva....Nós? De onde tirei esta palavra? – Agora me lembro – é a nova criatura que a usa.
    (Eva) - Tenho quase um dia inteiro de vida, agora. Cheguei ontem. É o que me parece. E deve ter sido isto mesmo, pois se houve um dia antes de ontem eu não estava presente quando aconteceu. Pode ser, é claro, que tenha acontecido, e que eu não tenha percebido. Muito bem; prestarei bastante atenção de agora em diante, e se alguns dias antes acontecerem, vou anotá-los. Será melhor começar direito e não deixar o registro confuso, pois algum instinto me diz que tais detalhes serão importantes para um/a historiador/a num dia vindouro. Pois me sinto como uma experiência, me sinto exatamente como uma experiência; seria impossível uma pessoa se sentir mais uma experiência do que eu, portanto começo a ficar convencida de que é isso que sou – uma experiência ( . . .) (Mark Twain in O diário de Adão e Eva).

    1. Introdução

    O Núcleo de Estudos Interdisciplinar sobre a Mulher - NEIM/UFBA- vem, nos últimos quatro anos, desenvolvendo a linha de pesquisa Gênero e Saúde no Mundo do Trabalho, de modo a consolidar uma área de especialização sobre saúde, relações e meio ambiente de trabalho da trabalhadora em cadeias produtivas no estado da Bahia. O primeiro projeto esteve voltado para a experiência das trabalhadoras dos ramos Químico e Petroleiro, especialmente das trabalhadoras do setor plástico, que integra o referido ramo. O Projeto Gênero e Saúde no Mundo do Trabalho: a experiência de mulheres no setor de calçados se constitui no segundo momento nessa direção[1].
    Este trabalho visa contribuir com os estudos e as reflexões sobre os desafios existentes para a mulher na sua realização como sujeito, a partir de suas experiências de trabalho, bem como entender os mecanismos e as relações no meio ambiente de trabalho no contexto do capitalismo flexível, como propugnado por alguns autores.
    Neste contexto, proponho uma discussão que contemple as seguintes questões: como se dá a constituição de sujeito na experiência de trabalho; como o desenvolvimento do Projeto Gênero e Saúde no Mundo do Trabalho: a experiência de mulheres no setor de calçados pode realizar transversalização de gênero no mundo do trabalho; e a questão da subjetividade como um campo essencial às análises que propugnam transformações.

    2. Como é o seu trabalho?

    A concepção de trabalho proposta na pesquisa pressupõe experiências capazes de estabelecer o potencial dialético tanto de estranhamento do sujeito (o sujeito estranha o que lhe é familiar, dado o caráter de alienação no âmbito do trabalho no capitalismo), quanto à possibilidade de realização da sua humanidade, isto é, revelar a satisfação do que se faz, significar e/ou ressignificar sentidos, razões e sentimentos também.

    As experiências, falas, queixas e demandas nos dizem muito sobre danos, riscos à sua saúde física e psíquica, violência, medo, tristeza, sonhos perdidos, mas também autonomia, maturidade, amizade, prazer, luta entre outros sentidos e sentimento.

    Amizades diferentes, vontade de lutar pelos direitos meus e dos outros, coragem de fazer valer meus direitos e deveres no trabalho. (Depoimento de uma trabalhadora do calçado).
    As múltiplas lógicas, sentidos e sentimentos fazem da experiência do trabalho, ao menos no âmbito da experiência, um universo de ativAÇÃO do sujeito como guarda(dor), reprodutor, resignica(dor)  e possibilita(dor) de ser feliz, ou não.

    A experiência individual carrega uma dimensão coletiva, cuja vivência é compartilhada por comunidades em tempos e lugares, também de modo diverso. Nessa perspectiva dialógica as experiências de trabalho se erguem como significantes do sujeito, tanto como construto tenso de autonomia e realização, quanto como de controle submetimento e mesmo de sofrimento:

    O lado bom do meu emprego é que eu aprendi a conviver com pessoas “diferentes,” isso nos faz crescer psicologicamente, como pessoa; também hoje posso conseguir algumas coisas que antes de trabalhar não poderia devido a condições financeiras.

     Por tratar-se de pesquisa que se assenta na questão de gênero, considero ainda o termo mulher. O termo contempla uma dimensão de sujeito individual (sujeito histórico, sim, mas com singularidades irrefutáveis no campo da sua subjetividade), bem como a dimensão coletiva, de classe, raça, geração, de cultura, de região enfim de experiências compartilhadas. O conceito de gênero no meu entender enriquece a compreensão das relações de dominação e mesmo favorece ações de resistências coletivas das mulheres no âmbito das relações de poder, quando da reprodução das desigualdades sociais inerentes ao modo de produção capitalista. Em contrapartida, tal conceito carece de suficiência analítica para a dimensão individual do sujeito nesses processos de dominação, que merecem ser tratados de modo cuidadoso, pois, dizem respeito às vidas, aos símbolos, aos sofrimentos, às dores, as representações, aos sonhos e as imaginações desse sujeito, vividas de modo singular, diferentemente da noção de papel e funções socialmente determinada. É uma questão não só metodológica, mas também ética. Não se trata da busca de essencialidade, mas de uma escuta próxima a propugnada pela psicanálise.
    Neste sentido, apresento como o referido Projeto de pesquisa pode se constituir em realização de fundamentos para programas, políticas e ações de transversalização de gênero.

    Inicialmente, é preciso conceber o cenário para além do local de trabalho. São municípios no interior baiano, que acolheram mais de trinta indústrias, - a maioria delas oriundas do pólo calçadista de Franca, São Paulo e do Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul, - acolhidas pelo governo do Estado na segunda metade dos anos 90, no contexto de uma guerra fiscal, com atrativos de toda ordem; fiscal, financiamento público entre outros. Mas o atrativo que mais qualifica o horror econômico, a corrosão do caráter, a banalização da injustiça social e riqueza e a miséria do trabalho no Brasil[2] na atualidade, em tempos de reestruturação produtiva do capitalismo flexível, trata da vantagem sinalizada pelo governo estadual, à época, da existência de terras virgens, ou seja, sem tradição de organização sindical operária industrial. É possível relacionar esse atrativo às análises de Calligaris (1997). Trata-se da lógica do colonizador que vem gozar a terra sem interditos, sem limites, até esgotá-la.

    Esse é o cenário encontrado pela equipe de pesquisadoras/es, quando das atividades realizadas no município de Juazeiro, onde uma empresa de calçados deixou, depois de quatro anos de operação, uma população de homens e mulheres doentes, acidentadas/os, deprimidas/os e a deriva nos seus sofrimentos. Sem alternativas, pois muitas doenças e sofrimentos são invisíveis aos olhos de médicos, peritos, delegacias do trabalho e gestores públicos.

    Essa situação ainda se repete em outros municípios. Em Juazeiro tomamos conhecimento de que, muitas empresas não aceitam que se faça a CAT, (Comunicação de Acidente de Trabalho). Em Ipirá, por exemplo, a solicitação ao Sindicato para que fossem fornecidas cópias de CATs esbarrou na seguinte resposta: o que é CAT? A fábrica de calçados já funcionava há três anos. Somente com a ação formativa realizada por este Projeto a CAT passou a ser conhecida na cidade.

    Não é diferente a situação de limitações representativas, materiais e políticas em outros municípios. O mesmo ocorre em Amargosa, Serrinha, Coité. Essa é a realidade de jovens trabalhadoras/es perseguidas/os, ameaçadas/os, quer seja pelo fato de estarem organizando uma ação sindical, quer seja pelas pressões cotidianas e desumanas de uma organização do trabalho cruel.

    Em relatos, entrevistas, depoimentos, ou nas análises de documentos é possível flagrar a brutalidade de relações e meio ambiente de trabalho nessas cidades. Em Ipirá os dirigentes que se recusaram a assinar a proposta de implantação de banco de horas tiveram que trabalhar aos sábados, capinando as áreas externas da fábrica. Um deles se viu forçado a atender à solicitação de sua família para abandonar o sindicato, pois estava sendo ameaçado. Em Serrinha, a equipe teve que sair da cidade antes de concluir os trabalhos, pois estávamos sendo seguidas por um carro, como também fomos abordadas por motoboys quando realizávamos as aplicações dos questionários com as trabalhadoras na saída do turno, na praça principal. Esses motoboys dispersavam as/os trabalhadoras/es na saída do expediente, impedindo-as/os que formassem grupos. São os novos capatazes[3].

    Esse quadro de terror pode ser resumido em três falas de trabalhadoras:
               
    Não se sai são de lá!
                Tenho medo de perder o juízo!
    Tenho medo de sair na rua porque os sapatos estão correndo atrás de mim!

     Foi possível ainda testemunhar o medo que toma conta da população dessas cidades onde estão implantadas as fábricas. As indústrias se constituem numa esfera de poder no âmbito local, semelhante ao dos antigos coronéis dos tempos da República Velha. Mães impediam que suas filhas, trabalhadoras fossem entrevistadas e denunciassem os horrores que elas vivenciam nas fábricas. Em Coité, só foi possível realizar a entrevista, porque a equipe foi para a roça, entrevistar uma trabalhadora com 28 anos de idade, afastada com depressão, acolhida por uma amiga e que se dispôs a responder ao questionário. Isso na calada da noite, quando não havia testemunhas. Preferia não ter nascido! Essa é a sua reflexão sobre as assertivas do Inventário Beck de Depressão, BDI acerca de idéias suicidas.

    São cinco os sindicatos que representam essa categoria de trabalhadoras/es. Contudo, o mapa do pólo na Bahia não reproduz a mesma lógica dos outros dois importantes pólos calçadistas: da região Sudeste, onde as indústrias estão concentradas em um único município (região de Franca, SP); e o pólo da região Sul, que está situado em área geográfica que se articulam pela proximidade dos municípios sedes das fábricas (região do Vale dos Sinos, RS).

    No contexto da reestruturação do setor na Bahia, as indústrias se deslocam e se espalham por macro regiões econômicas, cujos municípios estão distantes entre cinco a seis horas de viagem um do outro. Daí a dificuldade de dirigentes sindicais atenderem sua base de representação, a exemplo do Sindicato dos Trabalhadores do Calçado com sede em Jequié, macro região Sudoeste. Lá está uma fábrica que emprega cerca de três mil trabalhadoras/es. Esse Sindicato representa também trabalhadoras/es de Amargosa, situada na macro região do Recôncavo entre outras cidades de outras macro regiões[4].

    Esse é o cenário que ajuda na compreensão do que Ricardo Antunes (2006) chama de territorialização ou mesmo desterritorialização da produção, entre tantas outras conseqüências da reestruturação produtiva... E o setor calçadista tem primado por esses procedimentos. [5]

    Como questão teórica central, o Projeto visa contemplar âmbitos da subjetividade de trabalhadoras/es, ao considerar as motivações promotoras de constituição de identidade do sujeito individual e coletivo, bem como, identificar para prevenir ou, então, impedir as experiências que comprometam a saúde física e mental desses sujeitos.

    A visibilidade do Projeto, como também as nossas atividades nas cidades de Juazeiro, Vitória da Conquista, Camaçari, Barreiras e Feira de Santana, resultou em ações intersetoriais, com o apoio e parcerias dos CERESTs desses municípios à nossa participação em quatro Conferências Municipais de Saúde, com a responsabilidade da apresentação do eixo Controle Social, em cumprimento da agenda de implantação da política do SUS de qualidade, promovida pelo Ministério da Saúde em 2005[6]. A visibilidade também resulta na participação em Audiências Públicas a convites de vereadores para discussão sobre Assédio Moral como fator de risco para a saúde física e psíquica do/da trabalador/a que resultaram na aprovação de Lei sobre Assédio Moral, nos municípios de Salvador, Feira de Santana e Camaçari, regulamentando no âmbito das relações de trabalho do serviço público nas referidas cidades.

    A participação de entidades e instituições responsáveis pelas questões referentes à saúde (INSS, Sub Delegacias Regionais do Trabalho - DRTs, Conselhos, Movimento de Mulheres, Secretarias Municipais, Centro de Referências de Saúde do Trabalhador - CERESTs, Universidades, Ministério Público do Trabalho, MPT), nas atividades do Projeto, permite a integração e formação de redes de relações que ajudam na consolidação de uma nova cultura a ser implementada, tanto nos locais de trabalho, quanto na participação nas políticas em programas de saúde coletiva.

    O desenvolvimento de atividades de formação do Projeto e a participação em Encontros como Audiências Públicas e Conferências Municipais de Saúde faz com que o público alvo atingido pelo projeto fosse bastante heterogêneo, pois além de sindicalistas e de trabalhadoras/es do setor calçadista, participaram dessas atividades e encontros líderes comunitários, trabalhadoras/es de outros setores, agentes de saúde, psicólogas, assistentes sociais, advogados e estudantes universitários e mesmo gestores públicos.  Sem dúvida, foi possível realizarmos ações de transversalização de gênero na política pública de Saúde do Trabalhador, agora, com a certeza da existência de especificidades da saúde da trabalhadora. 
    As falas de trabalhadoras aqui trazidas nos contam coisas simples e paradoxalmente complexas, por seus múltiplos enunciados e infinitas possibilidades de expressões e de vivências. Assim, transversalização, mas que uma estratégia no âmbito da teoria da ação racional (Rational Choice), tem como desafio acolher, cuidar de âmbitos que escapam a nossa razão, (vontades, escolhas, competências, estratégias, projetos, papeis e interesses), mas que seguramente inferem, determinam, controlam e libertam. Trata-se do mundo de subjetividades, inconscientes, desejos desconhecidos que jorram e invadem nossas vidas.    

    3. Transversalização de Gênero no Mundo do Trabalho

    Em documento que respalda o PPA (2004-2007) do governo Federal, a socióloga Lourdes Bandeira sugere caminhos de ação na implementação da transversalização de gênero, nos seguintes termos:
     A preocupação inicial aqui é de conhecer quais são as proposições analíticas que sustentam as políticas públicas do Estado Brasileiro em relação à implementação da transversalidade de gênero, no sentido de garantir que a igualdade de gênero possibilite a redução da pobreza. Nesse contexto, a discussão e a análise dos elementos conceituais norteadores, assim como das estratégias de implementação e de gestão das políticas públicas, se fazem necessárias para se buscar elementos que sustentem o fortalecimento da capacidade dos mecanismos institucionais da Secretaria Especial de Política para as Mulheres – SPM para a transversalização das políticas de gênero.

    Em seguida essa autora propõe:

      Por transversalidade de gênero nas políticas públicas entende-se a idéia de elaborar uma matriz que permita orientar uma nova visão de competências (políticas, institucionais e administrativas) e uma responsabilização dos agentes públicos em relação à superação das assimetrias de gênero, nas e entre as distintas esferas do governo. Esta transversalidade garantiria uma ação integrada e sustentável entre as diversas instâncias governamentais e, conseqüentemente, o aumento da eficácia das políticas públicas, assegurando uma governabilidade mais democrática e inclusiva em relação às mulheres.

    A solidez, a inteligência, a criatividade e o compromisso político com a questão de gênero são marcas e fundamentos do referido texto. Atenta para as esferas e dimensões da vida e desafios necessários as mudanças institucionais, Lourdes Bandeira considera ainda,
    (...) mudanças sócio-demográficas que interferem no perfil do emprego; as mudanças do papel do Estado no mundo globalizado; os desafios colocados pela diversidade racial/étnica; as alterações que vem ocorrendo na estrutura da família com os múltiplos arranjos familiares, e ainda, as mudanças no tradicional padrão da divisão sexual do trabalho e nos padrões da sexualidade, entre outros.

    (...) Falar da igualdade de gênero é romper com um universo restrito do não reconhecimento da alteridade, do outro, da diferença, para caminhar em direção ao espaço de eqüidade, da emancipação e do pertencimento. As mulheres emergem como alteridade feminina, sociocultural e política. Passam a estar presentes, reconhecidamente, nas arenas da vida cotidiana, onde se redefinem com base na cultura, na história, nas relações de trabalho e nas formas de inserção no mundo político, portanto, em um novo campo de possibilidades para estabelecer convenções capazes de vencer sua condição de desigualdade.

    Em texto do mesmo quilate Cecília Sardenberg avança suas análises chamando atenção para os procedimentos e passos à implementação de transversalização de gênero quando diz ser necessário construir categorias e indicadores para a investigação, análise, diagnóstico, monitoramento e avaliação, que desagreguem por sexo as atividades e seus impactos

    A referida autora destaca conteúdo do relatório submetido pelo Grupo de Especialistas em “Mainstreaming” do Conselho Europeu em 1998 (EG-S-MS, 1998, p.8-9), um dos principais “alvos” das políticas de equidade de gênero na contemporaneidade, o reconhecimento e implementação dos direitos das mulheres enquanto direitos humanos.

    Ao menos três elementos são constitutivos das reflexões a cerca da transversalização nos textos de referência:

    1. A construção de equidades de gênero, raça/etnia entre outras;
    2.  A característica política de empoderamento dos sujeitos nas ações e programas no âmbito das políticas públicas;
    3. A intervenção e dimensão de estratégia que caracteriza transversalização, e como tal deve supor eficácia e competência na sua realização

    A partir dessa constatação, proponho três questões nas discussões sobre transversalização de gênero que desafiam nossas reflexões, pesquisas, análises e, consequentemente, o ATO libertário que fundamenta historicamente o movimento feminista nas suas múltiplas tendências:
    1. Como pensar subjetividade para além de uma epistemologia das Ciências Sócias de base funcional-estruturalista (com base nos pressupostos de papéis, lugares, funções, interesses entre outros), de modo a consagrar o sujeito auto-nomos, ou seja da própria lei?
    2. Como estabelecer uma crítica a teoria da escolha racional (rational choice) que sustenta a Ciência Política na atualidade, e que pode levar a crer na realização da equidade de gênero, classe, raça etnia e geração com base em estratégias e táticas de jogos de soma zero nas relações de desigualdades e de poder no contexto da sociedade capitalista?
    3. Como estabelecer vivências libertárias de sujeito coletivo, de modo a preservar a singularidade vivida e experimentada pelo do sujeito individual no âmbito da teoria da ação, tão importante para os programas e políticas de traversalizAÇÃO?
    No âmbito desse estudo proponho no próximo ponto, realizar uma breve reflexão sobre a primeira questão.
      
    4. Mulher e Subjetividade

    “Nasci num pequeno hospital de Tóquio. Mamãe diz que se lembra de duas coisas:
    um ratinho correndo pelo chão, o que considerou como sinal de boa sorte.
    uma enfermeira curvando-se e murmurou, em tom de quem pede desculpas: ‘infelizmente é uma menina. A senhora prefere informar pessoalmente a seu marido?” (Liv Ullmann, 1978. Mutações).

    No Seminário Internacional Mercado de Trabalho e Gênero. Comparações Brasil-França realizado no Rio de Janeiro em abril de 2007, Helena Hirata conclui sua intervenção considerando a necessidade e, mesmo, o desafio da interdisciplinariedade dos estudos sociológicos e políticos sobre a mulher no mundo do trabalho e a psicanálise. A minha proposta tem se sustentado num referencial  teórico interdisciplinar, que traz elementos do campo psicanalítico para discussão de subjetividade do sujeito individual e coletivo na experiência do trabalho, como pilares fundantes do que denomino constituição de identidade.

    Constituição de Identidade de sujeito individual e coletivo. O conceito Constituição de Identidade propõe uma concepção dialética, processual de experiências vividas pelo sujeito no seu devir. Como o sujeito realiza mais autonomamente a sua história. Não se trata de construção essencialmente racional, (rational choice), de base cognitiva.  Essa é uma concepção de constituição de sujeito na sua dialogicidade, das múltiplas lógicas, que podem ser suas, ou não; colocadas pelo e/ou para o sujeito, não se trata de busca de igualdade. Trata-se da virtude do próprio reconhecimento, e do que é do âmbito do outro. Esse conceito guarda perspectiva feminista, já que a civilização reservou o lugar para ela de Outro.[7] Neste sentido, constituição de identidade são vivências de transformações com sentido e sentimentos de realizações próprias e/ou compartilhadas do sujeito.

     Constituição de identidade como processo vivido numa perspectiva de superação dialética, onde o presente, o passado e o futuro são experimentados simultaneamente, conformando um tempo lógico, tempo problematizado, de agitação ‘que retempera a alma’.

       Tempo de quem quer realizar rupturas, tempo de transformações, da simultaneidade da negação de determinada realidade, conservação de algo essencial que existe na realidade e de elevação a um plano superior. tempo de ativação ...  (Vazquez, 2001: 20-21).

    As transformações para se realizarem precisam bem mais que razões, consciências, vontades e competências. Precisam de demandas. Esse é o ato essencial! A concepção de demanda nessa análise se aproxima do conceito psicanalítico. As queixas, as reclamações, as denúncias são enunciadas num contexto de indignação de quem não suporta mais um determinado sofrimento, lugar ou papel. Enfim, é um enunciado que revela a tensão dialética de quem quer mudar de grau, ou seja, a vítima de condições precárias e degradadas atinge um potencial de rebeldia necessária a mudanças de toda ordem. Assim, constituição de identidade de sujeito está imbricada com a demanda do sujeito em fazer-se. Constituição de identidade como metamorfose, como experiência contraditória, sem substancialidade, mas na predicação do que se faz, na motivação da atividade.

    Na obra A Estória de Severino e a História de Severina o psicólogo Antônio da Costa Ciampa analisa que “o indivíduo não é algo, mas sim o que faz, o fazer é sempre atividade no mundo, em relação com o outro.” (Ciampa,1996 : 137).  

    Contudo, o fazer-se não pode prescindir da memória portadora de questões primordiais, que se conservam no presente e são pertinentes ao processo de constituição de identidade. Não existe, então, um marco zero, cuja razão instaura novas regulações, ações, métodos ou estratégias. Mas, podemos considerar um ponto ótimo. Quando se explicita, se expressa à demanda. Um vivência de reflexão sobre o trabalho, em um contexto metodológico e político que vise instigar, no ato formativo (atividades de formação), o enfrentamento sentido e refletido desse fazer-se, contribui significativamente para alimentação/instauração de demanda, que (re)cria o sujeito. Penso que assim, o conhecimento do passado, mediando experiências presentes, coloca referências essenciais às perspectivas atuais, para que as transformações pretendidas ou desejadas (conhecidas ou não) se realizem. (Vazquez, 2001: 37).

    Mas as experiências do sujeito no trabalho têm sido cruéis na História do Brasil: é a história de corpos sacrificados. E, as mulheres hoje se constituem nas “cobaias” das novas relações flexíveis de trabalho.

    Tomo o termo organização flexível como pensado por Sennett na sua obra A Corrosão do Caráter (1999) quando analisa as conseqüências das transformações mais profundas do capitalismo da Revolução Tecnológica, ou melhor, Pós Fordista sobre os indivíduos e mesmo, sobre valores que conformam novos mecanismos de poder.

    Destaque é dado às experiências de assédio moral como fator de risco e que se constitui como uma vivência inerente à racionalidade da organização flexível do trabalho.     

    Neste sentido proponho a seguinte concepção de Assédio Moral:

    “Assédio Moral são experiências vividas pelo sujeito no meio ambiente de trabalho no contexto da organização flexível, cuja racionalidade se sustenta na estética da ideologia da competência como um valor capaz de submeter o corpo, a mente e a alma de quem vive do trabalho. Os significantes de construto do sujeito são violentados, agredidos, constrangidos, ameaçados, ou destituídos de sentidos ou de sentimentos. As experiências mais agudas de assédio moral podem levar à morte física e à falência psíquica, a exemplos do Karoche e do Burnout, respectivamente.” ( Vazquez,2007 ).


    4.1. Mas, por que as Mulheres ? !

    Na obra Paixão Pagu, a autobiografia precoce de Patrícia Galvão encontra-se uma passagem, na qual essa autora, espécie de ícone do feminismo brasileiro, mergulha de modo a revelar-se ao seu filho Geraldo:

    Toda vida eu quis dar. Dar até a anulação. Só da dissolução poderia surgir a verdadeira personalidade. Sem determinação de sacrifício. Essa noção desaparecia na voluptuosidade da dádiva integral. Ser possuída ao máximo. Sempre quis isto. Ninguém alcançou a imensidade de minha oferta. E eu nunca pude atingir o máximo do êxtase-aniquilamento: o silêncio das zonas sensitivas. (Pagu, 2005 : 52).

    Parece difícil, e, sem duvida, o é, compreender o que uma mulher, cuja história expressa rupturas de valores e suas experiências compõem uma saga constante de luta por emancipação e desejo fundo de liberdade, possa querer ser uma mulher virtuosa, no sentido que satisfaça a expectativa do papel de uma mulher submissa.
    Pagu, - cuja vida é significada na história da luta feminista no século XX no Brasil, já que é uma mulher que transcende ao modelo socialmente constituído no seu tempo, ao tempo que integra os movimentos e lutas políticas por Direitos Civis, tais como liberdade, democracia, mais ainda, é ativista pela construção de uma sociedade comunista nas décadas de 30 e 40, - nos traz uma angustia paradoxal de constructo do feminino, segundo uma perspectiva civilizatória para a construção da mulher altruísta e simultaneamente, de experiência libertária, de emancipação. Ela deseja atingir o êxtase-aniquilamento no dar-se a outrem, mas a sua dimensão de mulher feminista é expressa pelo impedimento. Ela não o realiza! Ela não é a boazinha. Ela até pensa e deseja sê-lo, mas não o é!
    Caso essa compreensão seja verdadeira, penso que a sua experiência alimenta a nossa luta na atualidade. A sua luta também é uma luta coletiva, mas o custo é vivido de modo singular. O paradoxo está entre experimentar a liberdade e gozá-la, realizá-la como sentimentos e sentidos seus.

    As análises nos levam ao entendimento que a reestruturação produtiva, que faz da mulher cobaia nas relações flexíveis do trabalho, reescreve a cultura de dominação de gênero. O fato de a mulher estar inserida no trabalho produtivo, ou mesmo dispor de uma renda que lhe permitiria maior autonomia, não tem resultado em transformações, ou numa mudança significativa de grau, no sentido edificante de sujeito. No sentido do estabelecimento de novas representações e de um novo lugar social. Ao contrário, reeditam-se subordinações, aprofundam-se discriminações e desigualdades. Restaura-se na ideologia da competência a mulher virtuosa, altruísta, sem falhas, agora na produção. Esse cenário desafia não só os movimentos feministas, mas também áreas do conhecimento que não consideram as desigualdades de gênero como valor explicativo e analítico na construção do saber.

    Entretanto, é na perspectiva da crítica ao capitalismo que não se pode descuidar das novas-velhas práticas-danos (perversão) da dominação de classe. O estranhamento no trabalho flexível verga tanto mulheres e homens que faz da loucura do trabalho um universo de tensões que precisam ser perscrutadas na sua dialética.
                                                                     

    Referências

    BANDEIRA, L. BRASIL: Fortalecimento da Secretaria Especial de Política para as Mulheres para avançar na Transversalização de perspectiva de Gênero nas Políticas Públicas. Convênio Secretaria Especial de Política para as Mulheres - SPM e Comissão Econômica para América Latina e Caribe – Unidad Mujer y Desarrollo CEPAL. Este documento fue elaborado por Lourdes Bandeira, Consultora de la Unidad Mujer y Desarrollo. Las opiniones expresadas en este documento, que no ha sido sometido a revisión editorial, son de exclusiva responsabilidad de la autora y pueden no coincidir con las de la Organización. A elaboração deste documento contou com a colaboração da pesquisadora Fernanda Bittencourt Vieira, Doutoranda do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília - UnB. Quito, Ecuador, 25 de agosto de 2004

    BARRETO, M. Assédio Moral: o risco invisível no mundo do trabalho. Jornal da Rede Feminista de Saúde. N° 25.  Junho de 2002.
    CODO, W. (2006). Por uma Psicologia do Trabalho. Ensaios Recolhidos. All Books. Casa do Psicólogo. São Paulo.
    DEJOURS, C. (1992). A Loucura do Trabalho.: estudo de psicopatologia do trabalho. Cortez-Oboré.  São Paulo.
    DEJOURS, C. (2007). Banalização da Injustiça Social. Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro.
    HIRATA, H. Globalização e divisão sexual do trabalho. Cadernos Pagu. Pagu/Núcleo de Estudos de Gênero – Unicamp, (2002).
    SANTOS, L. R. C. da Silva. (2007). Políticas Públicas do Governo do Estado da Bahia para Atração de Empresas e Qualidade de Vida da População Trabalhadora do Pólo Calçadista da Região Sudoeste: o caso da Azaléia Nordeste no Município de Itambé. Dissertação de Mestrado UNEB. Campus V. São Antônio de Jesus, Bahia.
    SARDENBERG, C. B. Considerações sobre a Transversalização do enfoque de Gênero.  Este trabalho é parte do Relatório elaborado para Projeto “Desenvolvimento de ações no campo da qualificação social e profissional para promoção da inclusão de trabalhadores e trabalhadoras”, MTE-OIT, março, 2006.
    THOMPSON, E. P. (1981). A Miséria da Teoria: ou um planetário de erros. Rio de Janeiro : Zahar Editores.
    VAZQUEZ, P. S. (2001). Movimento de Bancários: possibilidades criativas de experiências de constituição de identidade. (tese de Doutorado). Unicamp, São Paulo.
    VAZQUEZ, P. S & VAZQUEZ, V. S. (2007). Gênero, Trabalho e Saúde. A experiência das mulheres do setor de calçados na Bahia. Fast Design Editora. Salvador. Bahia.




    [1]
    Algumas considerações sobre a experiência das trabalhadoras do Ramo Químico e Petroleiro, bem como das trabalhadoras do setor de calçados encontram-se no artigo Constituição de Identidade de Sujeito da Mulher no Mundo do Trabalho. Foi possível contar com a parceria da Fundacentro, órgão do Ministério do Trabalho, na pesquisa com as trabalhadoras do Ramo. A experiência das trabalhadoras do setor calçadista teve o apoio do Fundo Nacional de Saúde, através do Departamento de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde para o ano 2005-2006 e o apoio da Secretaria Especial de Políticas para s Mulheres em 2007.

    [2] Faço referências a quatro obras cujos autores tratam da perversidade social do capitalismo em tempos da globalização e do capitalismo flexível. O Horror Econômico de autoria de Viviane Forrester (1997), A Corrosão do Caráter de Richard Sennett (1999) e A banalização da Injustiça Social de Christoph Dejours 2006, Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil, organizado por Ricardo Antunes (2006).

    [3] Essa situação é relatada no artigo Constituição de Identidade de Sujeito da Mulher Trabalhadora no Mundo do Trabalho que integra essa publicação.

    [4] Quando da nossa primeira visita a Jequié procuramos informações sobre a base de representação do Sindicato para fazer um mapa da representação sindical do setor de calçados no Estado, mas os dirigentes não sabiam direito informar. (sic).

    [5] Ver a respeito o artigo de Vera Navarro, A Indústria de calçados no turbilhão da reestruturação. In Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil, org. Ricardo Antunes, 2006.

    [6] As proposições para as políticas públicas inserem-se no contexto dos princípios estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde SUS, especialmente no artigo 198 – que trata da descentralização, atendimento integral, com prioridade preventiva e de participação da comunidade – e no artigo 200, que prevê ações de vigilância.

    [7] Essa concepção é desenvolvida de modo mais aprofundado no artigo Constituição de Identidade de Sujeito da Mulher no Mundo do Trabalho, de minha autoria.

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